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  • Alexandra Mettrau

13: NÚMERO DO AZAR?


O número 13 tem aparecido direto na minha vida. Hoje é dia 13. Domingo 13. Eu estava perdida no tempo achando que era dia 12. Desde o 2º turno das eleições, 30 de outubro, comecei a reparar que este número, volta e meia, dá as caras para mim. Às vezes sutilmente, como hoje, quando fui olhar o calendário; outras vezes bem insistente, como no dia da eleição, quando, desde cedo, a cada vez que eu olhava o celular, tinha 13 mensagens não lidas no WhatsApp.


Alguns pensariam que isso pudesse ser um sinal ou confirmação para o voto ou mesmo uma premonição da vitória do candidato da legenda 13, o que de fato aconteceu. Mas, se fosse realmente isso, ou só isso, porque esse número continuaria insistindo em se fazer notar? Outros buscariam uma explicação, em algum oráculo, sobre o significado da vitória do 13, e por aí vai. Não que não possa haver interessantes conexões e explicações trazidas pelos conhecimentos místicos, afinal, são sabedorias antiquíssimas trazidas pelos iniciados de outrora, indivíduos que guiavam a ainda jovem humanidade, pois destacavam-se dos demais por sua capacidade de perceber e compreender as leis que sabiamente ordenam o mundo e seus efeitos no desenvolvimento humano.


Atualmente, embora as mesmas leis estejam por trás da ordem do mundo, há um novo aspecto: o desenvolvimento da consciência individual. Enquanto grupo, já passamos do estágio da adolescência, quando começamos a romper com o que nos trazem nossos pais e queremos levar nossas vidas de acordo com nossas próprias leis. Já pensamos por nós mesmos, e estamos percebendo, conectando e compreendendo as coisas sem que alguém precise nos mostrar e queremos dar nossos passos de forma independente.


Sim, já passamos da adolescência da humanidade há algum tempo, somos jovens adultos e isso traz um novo aspecto para a ordem do mundo, uma nova lei, pois um novo criador entrou em cena: o ser humano. Desde que começamos a entender o que percebemos, nos tornamos co-criadores. Os fenômenos hoje têm um caráter essencial, que não existia antes, pois são efeito também de nossas ações. Uma tempestade continua sendo uma tempestade, com seu maior ou menor potencial devastador, só que ela vai atingir, não apenas o solo natural que era capaz de se reequilibrar, como também uma ou mais cidades e ambientes construídos pelo ser humano, modificadores da natureza, afetando a possibilidade de auto regeneração desta até mesmo nos locais ainda intocados por nós.


Estamos em um momento de nossa evolução em que nos tornamos co-criadores, mas fomos criando e criando, sem olhar de forma global e atenta. Fomos solucionando os problemas que íamos percebemos, atendendo às nossas próprias necessidades, sem de fato pensar nas consequências de nossas ações. Fomos impondo novas leis e nova ordem, sem nos preocuparmos com os efeitos que isso teria na velha e sábia ordem que já existia.


Começamos agora a perceber essas consequências, o que nossas ações e criações estão causando e estamos sofrendo, pois muitos desses efeitos são devastadores para o mundo que nos cerca. Da forma mais chocante, subitamente reconhecemos que somos parte deste mundo, pois também sofremos esta devastação, uma vez que as tragédias ambientais colocam em risco a nossa própria existência.


Volto ao meu ponto de partida, ao número 13. Ele é associado ao azar: à sexta-feira 13; à 13ª fada da Bela Adormecida, que, por não ter sido convidada para o nascimento da criança, presenteou-a com a “maldição” do sono profundo, assim como a Loki, que por não ter sido convidado para o jantar dos deuses, arquitetou o assassino de Balder, filho de Odin, o mais belo e amado Deus nórdico; e a Judas Iscariotes, o discípulo que traiu Jesus Cristo e por isso se tornou o 13º, o excluído. Um ano tem 12 meses, o zodíaco tem 12 signos. O 12 é considerado o número da perfeição, da completude, portanto o 13º é o que está fora, o que não é. Mas justamente por isso, é o que traz o desafio de ser: de vir-a-ser.


A sexta feira 13 é associada à Paixão de Cristo, é o dia da crucificação, que aconteceu após a quinta feira da Santa Ceia, onde 13 pessoas estavam presentes e das quais 2 morreram no dia seguinte: sexta feira. Pronto! Fácil associação da sexta feira com o número 13 - certamente azar! Porém, sem a Sexta-feira da Paixão não haveria o Domingo de Aleluia, pois sem ter sido crucificado e morto, Cristo não poderia ter ressuscitado.


Seria maravilhoso se Cristo não tivesse sido traído, mas provavelmente não existiria cristianismo se isso acontecesse, pois, os discípulos não teriam passado por todas as experiências com o Cristo ressurreto, nem por todo o sofrimento da perda e ausência dEle após a Ascensão, o que os possibilitou receberem as chamas de Pentecostes e tornarem-se apóstolos. Ser Apóstolo é ter o Cristo em si e O levar aonde for.


Sem o sono profundo da Bela Adormecida, não haveria o novo reino, o encontro com aquele príncipe, pois ele só viria a nascer quase cem anos depois da princesa e não estaria vivo para reinar com ela se ela não tivesse adormecido. Isso não significa que ela tinha que casar porque o reinado pertenceria ao príncipe, como poderia ser interpretado de acordo com um pensamento patriarcal vigente, no qual a linha hereditária masculina é que domina. Não, isso significa que ela tinha que ser capaz de desenvolver nela própria as qualidades que a fariam rainha, o que aconteceu durante o sono, quando os espinhos cobriram de sombras o castelo e a desolação se abateu sobre a corte, pois neste sono ela pôde amadurecer a coragem de despertar a rainha dentro da princesa e isso pôde se concretizar quando o príncipe venceu todos os obstáculos para se fazer digno de dar o beijo que despertaria a soberana. Tampouco o Ragnarok, crepúsculo dos deuses, teria acontecido, sem o assassinato de Balder e a humanidade então ainda seria submissa à vontade divina, não tendo a possibilidade de desenvolver sua divindade interior.


Um ano se completa após 12 meses. Não há o 13º mês, há um novo ano. Esse novo ano é o 13, que se manifestará em novos 12 meses. O “fatídico” número 13, para mim, não é um prenúncio de má sorte, é um portal, uma possibilidade de virada, uma transformação. É o recém iniciado ciclo de 12, que contém o anterior já acontecido, existente e possibilitador da criação do atual, por já termos conhecido e experimentado o que já passou. O 13 é a transformação do 12, que vai se dar também em 12 etapas, novas etapas, porque podemos, conscientemente, transformar o que conhecemos.


Se olharmos para a evolução da consciência humana, estamos sofrendo as consequências de nossas ações no mundo e isso nos dá a possibilidade de, finalmente(!), perceber que nossas criações afetam não só a nós mesmos, mas a tudo e todos que nos cercam. Esse pode ser um ponto de virada, de nos voltarmos atentamente para as sábias leis ordenadoras do mundo e reconhecermos que há um novo elemento nesta ordem, um novo criador: o ser humano. Mas precisamos admitir que sem essa primordial sabedoria, nossa atuação só levará à destruição, pois não somos criadores independentes, somos co-criadores, influenciados por e influenciadores da próxima ordenação vital da natureza. Temos que colaborar com o que já é, aprender com isso e transformar sem destruir, melhorar sem ignorar, respeitar sem idolatrar. Reverenciar, aprender e co-criar.


Isso tudo é agora tarefa individual. Não há mais iniciados e guias, toda a humanidade pode aprender, mas cada um de nós tem que arregaçar as próprias mangas e fazer o que pode, de acordo com as percepções e capacidades que tem. Assim poderemos trabalhar juntos nesta construção, pois os seus talentos complementam os meus, que complementam os de outras pessoas e, unidos, podemos solucionar e atender às nossas necessidades e também às do mundo, em seus diferentes aspectos: sociais, ambientais, culturais, econômicos, políticos, etc.


Cada um, sozinho, não tem como fazer tudo isso, como atuar em todas essas frentes, mas se tivermos consciência de onde podemos atuar e nos disponibilizarmos a isso, vamos nos encontrar onde for preciso e vamos cobrir as várias áreas, pois já não estaremos sós, nem tampouco sendo cegamente guiados, como antigamente, mas agindo lúcidos e em consonância, voltados para um objetivo comum, olhando numa mesma direção.


Este número que insiste em se fazer presente nos últimos dias, para mim, não é o número do próximo presidente, nem do próximo grupo que vai assumir o poder em janeiro do ano que vem, tampouco é o anúncio cataclísmico de um azar inexorável que se abaterá sobre mim, o Brasil e o mundo nos próximos dias, meses ou anos, embora, de fato, possa ser um pouco de tudo isso.


Ele não é uma sentença premonitória de sorte ou azar. É uma lembrança. A lembrança de que 13 é a possibilidade de olhar sob todos os 12 pontos de vista já percorridos, de estar no centro de si, se apropriar e se comunicar com toda a sabedoria dos 12 meses passados, dos 12 discípulos já apóstolos, dos 12 presentes antes do sono e, de posse de todos eles em mim mesma, combiná-los, usá-los e transformá-los em originais formas de atuação no mundo e para o mundo.


O que EU, que sou o 13º, porque tenho em mim todos os outros 12, quero e posso fazer agora? Para mim, para os outros, para a sociedade, para o mundo? Essa é a pergunta que o 13 me traz, a pergunta da lembrança. Da memória de que tudo o que fazemos impacta a tudo e a todos. E eu sei disso porque tenho o mundo inteiro dentro de mim, tenho o 12.


IMAGEM: Arte digital criada com foto do Canva Pro


Eu imagino que, na polarização em que nos encontramos, na época das fake news, da fragmentação e descontextualização de tudo, esse meu texto talvez seja esquizofrenicamente usado por qualquer pessoa, de ambos os lados. Mas eu, que sou única, individual e indivisível, escolho publicá-lo mesmo assim porque sinto e sei que é meu dever me expressar integralmente, a partir de tudo o que sou, sem medo do que possam fazer com isso. O uso que fizerem é responsabilidade de cada um, de acordo com seu grau de consciência e comprometimento com a verdade. Afinal, a verdade pode ser vista sob pelo menos 12 pontos de vista diferentes, mas ela só será absoluta quando for vista inteira, quando formos capazes de olhar a partir de todas essas perspectivas e integrá-la no todo que é. Enquanto isso não acontecer, enquanto não formos capazes ou não quisermos nos abrir para visões diferentes ou além das nossas, estaremos sempre incompletos, parciais, relativos e limitados.


Assumo os riscos de maus usos e interpretações, pois não posso me furtar de expressar minhas palavras. Que cheguem completas, onde possam e devam chegar e, se foi em você e se te tocou de alguma forma, chegaram ao seu objetivo. Que possamos juntos então construir um mundo melhor, independentemente dos números de nossas preferências, mas abertos a que eles possam se complementar.


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