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  • Alexandra Mettrau

DEPOIS DA TEMPESTADE…


Diz-se que vem a bonança. Calmaria, tranquilidade, paz. Mas se fosse só isso, poderia ser monotonia também. E, pelo início da palavra: bon-ança, logo podemos pensar em bon-dade: calmaria boa; felicidade, sorte. Uma bondade do destino, depois de ele ter enviado a tempestade.


Pode até ser que o destino tenha esse hábito de “morder e depois assoprar”, mas eu fico pensando em como nós mesmos é que acabamos produzindo as tempestades e calmarias em nossas vidas, trazendo venturas e desventuras.


Justamente hoje, quando eu me sinto plena e feliz com esse dia que vem, literalmente, trazer a bonança depois da tempestade, nos acontecimentos da vida em família estamos com alguns pepinos chatos, que para meu marido têm um clima de temporal e acabam provocando raios e trovões emocionais.


Mas não quero falar das tempestades anímicas, pois vou contar como estou realmente vivendo este ditado “depois da tempestade vem a bonança”, já que o dia está lindo e quente e a praia espetacular, sem vento, sem onda, perfeita para o SUP, depois de dois dias inteiros de chuva forte e frio.


Com esse calorzinho outonal, fiz uma pausa no meio do expediente para fotografar o tapete pink das flores de umbu sob o umbuzeiro, na rua que leva à praia e não pude resistir a visitar o mar. Mar de bonança, calmo, sereno, luminoso. O sol brilhando nos vestidos espumosos das pequenas ondas bailarinas dançando sobre a areia.


Antes da tempestade, eu vim. Cheguei no meio da noite numa abóbora-carruagem puxada por cachorros-cavalos e conduzida pelo príncipe-cocheiro. Esperei ansiosa pelo amanhecer para voltar ao mar. Quando voltei, foi como se nunca tivesse ido. As ondas banhavam meus pés saudando minha chegada e me trazendo conchas e algas de presente. Pequenos animais marinhos pareciam me chamar para entrar no vasto oceano que me acolhia. Entrei. O mar me recebeu e me levou para rever as tartarugas marinhas e peixes voadores que há tanto tempo eu não encontrava. Durante dois dias não vi o tempo passar, não senti o peso da vida, as responsabilidades e demandas de trabalho e família. Foi como ser novamente uma criatura do sol e do mar.


Mas chegou a tempestade. O vento sibilava e agitava as ondas outrora calmas, levantando as águas para formar espessas nuvens carregadas de chuva, subitamente me expulsando do mar e me prendendo em casa para me proteger.


Fiquei à espera. Fiquei à deriva? Antes, no mar totalmente encontrada, agora em casa perdida? Só durante o susto, com a sensação de prisão imposta pela tormenta. Só até ver a beleza da água rasgando o céu, nutrindo a terra, chorando a paixão e morte de Cristo, lavando os pecados que Ele perdoou. Nem sei porque enfiei a Semana Santa aqui, provavelmente porque foi na noite da sexta feira da Paixão que a tempestade chegou. E ficou até o final do domingo de Páscoa. E a segunda feira amanheceu bela, quente e boa. Cheia de vida, como é de se esperar da ressurreição.


IMAGENS: Fotos de Alexandra Mettrau


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