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  • Alexandra Mettrau

QUEM SOU EU? CARACTERÍSTICAS HERDADAS E APRENDIDAS: DETERMINISMO OU OPORTUNIDADE?


Feliz aniversário Bia, minha irmã! Este texto, hoje, é para você.


Agora começa um período do ano cheio de comemorações na minha família: meu pai fez aniversário em julho, minha mãe faz agora no início de agosto, minha irmã fará no final de agosto e eu farei em outubro; só meu irmão é aniversariante do início do ano. Talvez por causa desta época eu tenho pensado muito em minha própria identidade, nas minhas características, minhas qualidades e defeitos e inexoravelmente me deparo com minhas heranças. Cada vez mais eu identifico os traços que me formaram e que recebi dos meus pais. O interessante é olhar para isto agora, aos 46 anos de idade, depois de muita pesquisa nas leis biográficas, de muita observação e aprendizado com meus clientes e pacientes.


Eu sempre percebi muitas dessas características: sempre soube que a forma de raciocínio, a curiosidade pela pesquisa, a ânsia por uma justiça social e uma tendência a ponderar antes de julgar eu recebi do meu pai. Por outro lado, um certo talento para as artes plásticas com um senso estético apurado, bem como um interesse pela natureza, um grande amor sem medo aos animais e um encantamento pelas plantas eu herdei da minha mãe.


Quanto mais olho para mim mesma, mais eu me deparo com uma combinação nova e inusitada de características que eu reconheço nos meus pais.


De maneira alguma quero com isto dizer que sou só uma combinação do que veio de cada um, muito pelo contrário! O que tem me encantado agora ao fazer estas ponderações é perceber a dádiva que recebi, que cada um de nós recebe por ter uma família, pais ou cuidadores, com quem aprender as referências que vão permear e nortear nossas escolhas, para o bem ou para o mal, mas que, se fazemos uma observação cuidadosa, são referências e não caracteres fixos, imutáveis.


Há muitos tipos de famílias, cada vez mais, aliás, e também ausência de famílias: há órfãos, núcleos desestruturados, e, em todos os casos, sempre haverá referências positivas e negativas, portanto, a meu ver, é uma dádiva termos onde buscar referências.


Porque somos assim?


A questão me parece a falta de consciência, ou seja, a tendência que vemos muito frequentemente nas pessoas de se definirem por estas referências ao invés de conscientemente usá-las. É muito comum escutarmos: “eu sou assim e pronto!” Ou algo deste tipo, como que dizendo que não tem como mudar. No entanto, quando paramos para pensar: porque somos assim? Será que vamos encontrar estas características em nós somente? Será que elas tiveram início comigo mesma quando eu nasci ou é possível que, de alguma forma, eu as tenha aprendido ou adquirido por imitação ou estratégia de sobrevivência por tentativa e erro?


Se analisarmos as características físicas, que são as mais fixas, já percebemos que vieram de nossas famílias. Com um ou outro arranjo, são combinações das heranças de nossos pais. Até pouco tempo atrás, nada podíamos fazer se não gostássemos de nossos narizes, por exemplo. Hoje há a possibilidade de mudar até o gênero. Ou seja, a identificação com a minha herança tem sido cada vez mais livre e até o que já foi realmente imutável, é possível mudar ou pode vir a ser, muito em breve, como a mudança genética para prevenir doenças ou para garantir determinados caracteres.


Não tenho intenção de abrir uma discussão sobre esses assuntos que podem ser muito polêmicos, apenas quero apontar para a importância da hereditariedade, e, além disso, a de lançarmos luz nas nossas qualidades e defeitos para podermos identificar as origens de nossas características, de nossa forma de pensar, sentir e de nossa vontade no mundo, para, com esta consciência, livremente nos identificarmos ou transformarmos o que recebemos ou aprendemos com nossas origens, fazendo uso consciente de cada uma em cada situação.


Portanto, hoje quero fazer um reconhecimento e um agradecimento à minha família, especialmente aos meus pais que, com suas qualidades e defeitos, me mostraram tantas possibilidades de ser, me ajudando a formar minhas próprias características.


Obrigada mãe, por me abrir os olhos para a beleza do mundo, mas também por me trazer o desafio de ultrapassar o senso de segurança que para você é tão importante, mas que poderia me paralisar e acomodar: graças a isto eu aprendi a arriscar e vencer meus medos.


Obrigada pai por me incentivar a ir sempre além e aprender sempre mais, com você eu tenho a certeza de que nada é impossível e isto me traz o grande desafio da constante busca da humildade, que me conecta com os outros, buscando sempre ver o melhor em cada pessoa.


Há uma infindável lista que eu poderia colocar aqui e agradecer e procurar perceber os aprendizados e desafios que tive com cada característica dos meus pais. Não é necessário, o importante para mim é poder reconhecer e agradecer, não porque graças a eles eu sou assim, mas porque graças a eles eu posso ser assim e muito mais, pois posso assimilar, descartar, transformar ou ampliar tudo o que recebi deles, bem como buscar desenvolver o que eu não recebi, mas para isso é preciso que eu seja capaz de reconhecer e isto começa com uma vontade de me conhecer, pois, assim, reconheço meus pais, só que agora a partir de mim e isto significa um milhão de novas possibilidades!


Quem sou eu? Eu sou meus pais e muito mais, só para começar.


E você, quem é você?


Este texto foi publicado pela primeira vez em 3 de agosto de 2017, no dia do aniversário da minha mãe. Hoje, dia 25 de agosto de 2022, é aniversário da minha irmã, e eu estou com 51 anos de idade. Achei oportuno republicar esta homenagem à minha família, e a todos os núcleos familiares que nos acolhem e formam.






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